A minha geração está indo embora

A realidade é uma só. O tempo não está passando, mas sim voando e com isso a constatação de fatos dos quais não podemos exclui-los em nosso dia-a-dia.

A minha geração está indo embora. A minha geração de quando criança ia para a escola levando em um saco plástico de açúcar cadernos, livros, lápis, borracha e um apontador.

Na merenda preparada pela mãe um pão, e sobre ele banha de porco com açúcar e esperando a hora do recreio para degustar o leite com trigo na caneca esmaltada. Era uma delícia.

Minha geração está indo embora. Lembro que o pai e mãe quando recebiam visitas somente davam uma olhada aos filhos, e estes só no olhar entendiam o recado.

A minha geração está indo embora. Sou do tempo que aprender datilografia numa máquina de escrever era para poucos, TV colorida nem pensar, e computador era bicho de outro mato.

Minha geração está indo embora. O nosso tempo de jogar bola de gude, usar bodoque, jogar patacão com carteiras de cigarro, descer as barrocas e ladeiras de grama com os barquinhos dos coqueiros.

Minha geração está indo embora. Aquele bom tempo de realizar reunião dançante aos sábados na casa de algum amigo ao som de um toca-discos pois discoteca, boates isso era raro na época.

Minha geração está indo embora. Tempo bom que não volta. Ainda criança saia aos sábados de manhã para vender jornal O DEBATE na empoeirada Avenida Venâncio Aires.

Minha geração está indo embora. Que tempo bom, já na adolescência em poder assistir um filme na sexta-feira no dia do troco no cinema Municipal ou matiné no domingo.

Minha geração está indo embora. Que lembranças me traz esse tempo quando a Marques do Herval era norte-sul, e do alto do Cine Cisne ou próximo ao Clube Gaúcho assistia pegas de carros aos domingos.

Minha geração está indo embora. Por quantas vezes fui ao aquário da Praça do Jacaré em período de verão com os amigos tomar um banho refrescante, ignorando a presença dos animais.

Minha geração está indo embora. Ainda recordando a construção de carrinhos de rolimã indo as oficinas mecânicas buscar rolamentos para a sua fabricação, e após descer a ladeira da Barão de Santo Ângelo próximo ao Colégio Santo Ângelo.

Minha geração está indo embora. Não podemos fugir a realidade do tempo, e nesse tempo quantos amigos já deixaram a vida aqui na terra.

Valorizar a vida, a família, os amigos isso não tem preço, pois sabemos que após a minha geração vem uma outra, que por certo terão lembranças ao seu tempo.

Apenas isso. Nada mais que isso.

Tudo pode acontecer inclusive nada.

Jairo Ferreira