
Em tempos em que a palavra “gestão” virou moda e o título de “administrador” é usado com pompa em cargos públicos e privados, fica a pergunta que muitos cidadãos se fazem: afinal, o que faz um administrador de verdade? A resposta, embora pareça simples, esbarra numa dura constatação — há quem confunda administração com autopromoção, discurso vazio e maquiagem de resultados.
A função de um administrador, no sentido técnico e ético, vai muito além de sentar em uma cadeira de chefia. Ele é, ou deveria ser, o responsável por planejar, organizar, coordenar e controlar recursos — sejam eles financeiros, humanos ou materiais — buscando eficiência e transparência. É quem deve pensar no coletivo, no resultado real e no impacto de suas decisões. No entanto, na prática, o que se vê com frequência é o oposto: gestões marcadas pela vaidade, improviso e descaso.
Em muitas empresas públicas e até privadas, o título de administrador é usado como um rótulo bonito para quem se destaca mais pelo discurso do que pelo trabalho. São profissionais que dominam o vocabulário das planilhas, das metas e das “boas práticas”, mas que não conseguem transformar isso em resultados concretos. Alguns se tornam especialistas em mostrar serviço sem, de fato, servir. É a velha tática da maquiagem administrativa — relatórios bem escritos, reuniões intermináveis e fotos em redes sociais, mas pouca entrega real para a comunidade ou para os colaboradores.
A crítica ganha força quando se observa que, por trás da fachada de eficiência, faltam compromisso e humanidade. Um bom administrador é aquele que ouve, reconhece falhas e busca soluções sustentáveis. Já o mau gestor se esconde atrás de cargos, terceiriza responsabilidades e culpa a “falta de recursos” até pelos próprios erros. Esse tipo de figura não constrói, apenas administra a aparência do poder.
Não é de hoje que a sociedade sofre com os “administradores de fachada”. Em órgãos públicos, é comum encontrar gestões que ignoram planejamento estratégico, desperdiçam verbas e não prestam contas com clareza. No setor privado, não faltam exemplos de chefias que exploram funcionários enquanto discursam sobre “liderança moderna”. Em ambos os casos, a consequência é a mesma: a perda de confiança.
A profissão de administrador é, ou deveria ser, nobre. É dela que depende o bom funcionamento de uma cidade, de uma empresa, de um serviço essencial. Mas quando o cargo é ocupado por quem busca apenas status, o resultado é previsível: ineficiência, desmotivação e descrédito.
Fica, então, o desafio: resgatar o verdadeiro sentido da administração. Menos palco, mais trabalho. Menos vaidade, mais compromisso. Administrar não é enganar com palavras bonitas — é agir com ética, competência e resultados visíveis. E é isso que a sociedade, cansada de falsas promessas e gestões de vitrine, espera reencontrar.
Nada mais que isso. Apenas isso.
Tudo por acontecer. Inclusive nada
Jairo Ferreira