Pelo quarto mês consecutivo, o consumidor vai pagar a conta de luz com o valor mais alto. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou, na noite desta sexta-feira (27), que as contas de energia elétrica vão continuar com a bandeira vermelha patamar 2 em setembro. Isso significa que os clientes seguirão pagando a taxa adicional mais elevada por cada 100 quilowatts-hora (kWh) nas contas de luz. Esse é o patamar mais caro do sistema de bandeiras tarifárias.
A manutenção desse gatilho no sistema já era esperada diante da continuidade da crise hídrica no país e de posicionamentos de integrantes do governo federal, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, nos últimos dias.
Hoje, o adicional imposto pela bandeira vermelha patamar 2 está em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). No entanto, esse valor deve ser reajustado pela segunda vez neste ano e subir ainda mais. Em junho, o custo a mais nesse patamar já havia subido de R$ 6,24 para R$ 9,49.
Após uma nova rodada de cálculos internos, o governo estima que seja necessário aumentar esse adicional dos atuais R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos para algo entre R$ 15 e R$ 20, segundo informou reportagem do jornal do Estado de S. Paulo nesta semana. No radar, é cogitado um cenário-limite de até R$ 25, mas é improvável que ele seja adotado.
A tendência é de que o novo valor seja conhecido até a próxima terça-feira (31) após decisão da Aneel. Questionada nesta sexta-feira sobre o trâmite, a Aneel informou via assessoria de comunicação que “os valores da bandeira ainda estão em análise”.
As articulações nos bastidores sobre a necessidade de elevar o preço da energia foram externadas em falas de integrantes do Planalto nesta semana. Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu, em transmissão ao vivo nas redes sociais, a gravidade da crise hídrica e pediu à população que reduza o consumo de energia elétrica.
— Vamos fazer um apelo para você que está em casa. Apague um ponto de luz — afirmou o chefe do Executivo.
Um dia antes do apelo do presidente da República, o ministro da Economia, Paulo Guedes, questionou qual seria o problema de a energia, componente de peso na cesta da inflação, ficar um pouco mais cara. Na quinta, Guedes voltou a falar sobre o tema, reforçando que taxa extra deverá ser novamente aumentada por causa da crise hídrica.
— Não adianta ficar sentado chorando — disse o ministro em audiência no Senado.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015. As cores e modalidades — verde, amarela ou vermelha — indicam se haverá ou não cobrança extra nas contas de luz.
A bandeira verde, quando não há cobrança adicional, representa que o custo para produzir energia no país está baixo. O acionamento das bandeiras amarela e vermelha representa um aumento no custo da geração e a necessidade de acionamento de térmicas, o que está ligado principalmente ao volume dos reservatórios das usinas hidrelétricas e a previsão de chuvas.
Pressão na inflação
Com a continuidade de conta de luz mais cara, o item deve seguir pressionando a inflação, que mantém ritmo de escalada neste ano no país. Nos últimos meses, a energia elétrica teve protagonismo dentro do grupo de habitação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Nesta semana, o IBGE divulgou que a prévia da inflação de agosto ficou em 0,89% em agosto, a maior para o mês desde 2002. O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi puxado pelo aumento da energia elétrica, segundo o órgão.
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