“Securitização não é calote. É sobrevivência.” A frase, dita em tom inflamado por Roger Seslau em um vídeo gravado direto da lavoura, viralizou nas redes sociais nas últimas semanas. Em meio a críticas de economistas, parlamentares e parte da opinião pública, agricultores e representantes do agronegócio decidiram reagir. Para eles, a securitização é mais do que um instrumento financeiro: é um grito de socorro.
Mas, afinal, o que é securitização — e por que ela se tornou um tema tão controverso?
Entendendo a Securitização
Na linguagem financeira, securitização é o processo pelo qual uma dívida (como parcelas em atraso ou a receber) é transformada em títulos negociáveis no mercado financeiro. No caso do setor rural, isso permite ao produtor converter dívidas com instituições financeiras ou com o próprio governo em títulos que podem ser renegociados no mercado.
Roger Seslau e o grito da terra @AVOZ DO AGRO
“Chega de ouvir bobagem de quem nunca pegou numa enxada!”, diz Seslau em um vídeo com mais de 2 milhões de visualizações.
Ele explica: “O agricultor faz financiamento pra plantar. Se o preço despenca ou a seca castiga, como você paga? O que estamos pedindo é chance de continuar — não perdão.”
ASSISTA VÍDEO MANIFESTAÇÃO DE ROGER SESLAU- CLIQUE LINK ABAIXO
https://www.youtube.com/shorts/JQKcCjgQPeo?feature=share
O campo responde: ‘Quem julga não planta’
Enquanto no Congresso o debate esquenta, no campo o clima é de desespero. Dados da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) mostram que a inadimplência entre pequenos e médios produtores subiu 27% em 2024, pressionada pela alta dos insumos e pela volatilidade nos preços das commodities.
Muitos agricultores veem a securitização como única alternativa realista para manter a produção. "É isso ou abandonar a terra", resume Seslau.
O dilema político
A questão divide partidos e governos. De um lado, há os que defendem a securitização como ferramenta legítima de gestão fiscal e estímulo econômico. De outro, há receio de que o mecanismo seja usado como forma de maquiar dívidas ou enfraquecer a cobrança de tributos.
O Ministério da Fazenda afirmou em nota que estuda novos modelos de securitização “com maior controle e fiscalização”, especialmente no setor rural.
Transparência e equilíbrio: o caminho possível?
Economistas e representantes do setor produtivo começam a convergir em uma proposta intermediária: regulamentar a securitização com regras claras, limites definidos e fiscalização independente. Isso garantiria que o instrumento seja usado como alavanca, e não como escudo para inadimplência.
Conclusão: entre a enxada e a planilha
No Brasil profundo, onde o solo decide o destino de famílias inteiras, securitização não é jargão técnico — é esperança. Para Roger Seslau e milhares como ele, o debate precisa sair do campo teórico e ouvir quem realmente está com a mão na terra.
“Quer opinar? Então vende tua casa, teu carro, planta e torce pra não perder tudo. Aí a gente conversa”, desafia Roger Seslau.
Enquanto isso, o país segue dividido entre os que temem a conta futura — e os que só pedem mais uma chance de plantar.
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