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Política

Após revés do PT nas urnas, Lula quer aproximação com prefeitos para neutralizar bolsonarismo em 2026

Após revés do PT nas urnas, Lula quer aproximação com prefeitos para neutralizar bolsonarismo em 2026
29/11/2024 às 07:11

Com o PT apenas em nono lugar no ranking de prefeitos eleitos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma ofensiva para se aproximar dos mandatários de partidos de centro e da oposição e, consequentemente, pavimentar um caminho que possa resultar em alianças para o seu arco político em 2026.

O PT elegeu 252 prefeitos, resultado melhor na comparação com 2020, mas ainda distante do topo ocupado por PSD (887) e MDB (856). O PL, principal sigla da oposição, saiu das urnas com 516 chefes de executivos municipais, mais do que o dobro da sigla de Lula. Além disso, a legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro vai comandar quatro capitais, enquanto apenas uma terá um petista à frente. No mês passado, o presidente reconheceu que era necessário “rediscutir” o papel do PT após o desempenho eleitoral.

Prefeitos são cabos eleitorais relevantes para a eleição de deputados federais e senadores – o bolsonarismo já manifestou que dará atenção especial ao Congresso em 2026, especialmente ao Senado. Na tentativa de neutralizar o plano dos opositores, a estratégia do Palácio do Planalto inclui um grande encontro de 11 a 13 fevereiro do ano que vem, em Brasília.

O objetivo da “Marcha dos Prefeitos de Lula” é reunir 15 mil gestores (prefeitos, vices e secretários dos 5.570 municípios) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães para apresentar programas do governo, políticas públicas e possibilidades de financiamento.

Haverá palestras, oficinas com assistência técnica para acesso a programas e sistemas do governo federal, painéis e estandes com os 38 ministérios representados. Há uma ideia, ainda inicial, de oferecer aos prefeitos a possibilidade de indicar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com a intenção de prestigiá-los – e aproximá-los eleitoralmente.

O Planalto identificou também que existe uma crítica de prefeitos ao que consideram um excesso de burocracia para a contratação de obras, o que fez o governo elaborar mecanismos para acelerar o pagamento de recursos.

Os principais pedidos que chegam ao Planalto tratam de recursos para pavimentação, creches, escolas em tempo integral e Minha Casa, Minha Vida, além do agendamento de reuniões em ministérios como Saúde, Educação e Cidades. Procurada para comentar o viés eleitoral das ações, a Secretaria de Relações Institucionais não se manifestou.

Com essa movimentação, o governo tenta se aproximar dos prefeitos sem depender da Confederação Nacional de Municípios (CNM), entidade que representa mais de 5,2 mil municípios e organiza anualmente a Marcha dos Prefeitos, em Brasília, ocasião que os mandatários usam para pedir recursos a ministérios e parlamentares. A organização é comandada por Paulo Ziulkoski, visto com ressalvas por auxiliares de Lula pela relação próxima que manteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Quem tem o poder da caneta na mão, de conceder benefícios, forma uma pequena máquina partidária. Todos os prefeitos são bem recebidos, só que nada ou muito pouco acontece depois. Não é uma questão só do governo atual, mas de todos”, critica Ziulkoski. (AG)

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