Uma águia de quase um metro de altura, esculpida em madeira de erva-mate e espatulada a ferro quente, com olhos moldados em citrino, bico e crista de latão envernizado e pedras de zircônia no peito. A escultura faz parte da coleção de 33 obras da exposição “Mbyá Guarani, estamos aqui!”. Inédita no Brasil e marcada pela originalidade, a produção coletiva entre o escultor e joalheiro Cesar Cony e artesãos e artesãs da aldeia Tekoá Jataí'ty abre oficialmente no sábado, dia 5 de abril, às 10h, em uma tenda criada especialmente para a mostra no Parque Farroupilha, em Porto Alegre.
O evento, que segue até o dia 21 de abril, contará a presença de autoridades e lideranças indígenas, e será abrilhantado com a apresentação do coral de crianças da reserva indígena Cantagalo.
Mestre em transformar memórias e patrimônio histórico em arte, Cony se lançou em um novo projeto para uma troca de vivências e de intervenção artística. Nas 17 esculturas de animais esculpidas em madeira de erva-mate e corticeira pelos artesãos da aldeia –– são águias, jacarés, tucanos, onças, tamanduás, passarinhos, corujas e capivaras em diversos tamanhos –– Cony aplicou as técnicas da joalheria, fazendo delicadas intervenções com detalhes em prata, pedras de rubi, ametista, topázio azul, turquesa, turmalina rosa, citrino, zircônia, crisoprásio, rubelita, peridoto e latão envernizado.
E o diálogo não para por aí. Uma estrutura de ferro de três metros de comprimento foi desenvolvida por Cony e tramada com taquara pelo artesão Vherá xunú (Cornélio Gimenez da Silva) para representar a cobra, animal que surge para mostrar a importância de estarmos atentos ao nosso caminho, para escolhermos com sabedoria onde pisamos. O artista também irá apresentar uma coleção de joias em prata formada por 15 peças inspiradas nas obras que compõem a mostra. Os brincos, por exemplo, reproduzem ramos de taquara, material tradicional na produção das cestarias.
"Os animais têm um papel protetor em nossas vidas, uma conexão espiritual e simbólica, como ensinado por nossos antepassados. A representação dos bichos em madeira é um meio de preservação e de manter essa relação", explica Vherá guyra (Jaime Valdir da Silva), presença-chave no projeto coletivo.
A mostra também se propõe a impulsionar a geração de renda para a comunidade indígena. Cinquenta por cento do valor arrecadado com a comercialização das obras será destinada aos artesãos participantes, e, durante os finais de semana, estará disponível um espaço para venda de outras peças em madeira, cestarias, colares e pulseiras feitas pelas mulheres.
Acessibilidade - Ao lado de cada trabalho haverá QR-Codes com audiodescrição para PcDs (pessoas com deficiência). As visitas orientadas e tátil devem ser agendadas e estarão sob a responsabilidade da Mil Palavras, empresa especializada em acessibilidade.
A exposição também está aberta à visitação de escolas. Após a temporada em Porto Alegre, "Mbyá Guarani, estamos aqui!” será exibida de 24 de abril a 18 de maio no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, em Caxias do Sul, levando adiante a valorização da arte e da cultura dos povos Guarani.
SERVIÇO:
O QUÊ: Exposição Mbyá Guarani – estamos aqui!
QUANDO: 5 a 20 de abril, das 9h às 17h
ONDE: Parque Farroupilha, mais conhecido como Parque da Redenção (junto ao Monumento ao Expedicionário), em Porto Alegre
INGRESSO: Entrada livre
ABERTURA OFICIAL: 5 de abril (sábado), às 10h, com a presença do coral de crianças da aldeia Tekoá Jataí´ty
DIA DOS POVOS INDÍGENAS: 19 de abril (sábado), às 10h - Roda de conversa com lideranças indígenas Guarani da região metropolitana
Agendamento de escolas:
Público: Educação Infantil (4 e 5 anos);Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)
Agendamento: Com Luciana Chiele, pelo email ludicaeducacaoelinguagem@gmail.com
Visitação tátil guiada com audiodiscrição para PcDs (pessoas com deficiência): 12 de abril, às 16h. Agendar com Rafael Braz no email milpalavras@milpalavras.net.br
cp