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Nesta sexta-feira, 28, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) prestou uma homenagem histórica ao músico Pedro Ortaça, um dos principais nomes da cultura missioneira do Rio Grande do Sul. Em sessão do Conselho Universitário, a instituição concedeu ao artista o título de Doutor Honoris Causa, em reconhecimento à sua trajetória como cantor, compositor e guardião da identidade cultural do povo gaúcho.
O gesto da universidade foi motivado por uma proposta apresentada em 2024, por um grupo de docentes liderado pelo professor Oscar Daniel Morales, do Departamento de Música da UFSM. Para o professor, a escolha de Ortaça carrega um simbolismo que transcende a música. "Quando li as palavras do escritor Aparício da Silva Rillo sobre Pedro, compreendi a profundidade de sua obra. Ele afinou sua guitarra pelos sinos das catedrais jesuíticas e deu voz aos povos indígenas do Sul", destaca Morales.
Pedro Ortaça nasceu no Pontão de Santa Maria, em 29 de junho de 1942. Ao longo das décadas, construiu uma obra musical marcada pela fusão de português, espanhol e guarani, com temáticas voltadas à história das reduções jesuíticas, à vida nos campos missioneiros e à valorização da cultura regional. É o único integrante vivo dos chamados “Quatro Troncos Missioneiros”, ao lado de Jayme Caetano Braun, Cenair Maicá e Noel Guarany.
Em 1988, o grupo lançou o LP Troncos Missioneiros, considerado um marco da música popular gaúcha. A obra se tornou referência ao estabelecer a música missioneira como um segmento próprio dentro da tradição regional. Além da vasta produção artística, Pedro Ortaça já foi agraciado com títulos importantes, como o de Mestre da Cultura Popular Brasileira, e recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do RS.
Para a UFSM, a entrega do título de Doutor Honoris Causa é também uma forma de valorizar o saber popular e reforçar o compromisso da universidade com a cultura local. É a primeira instituição de ensino superior do Sul do país a reconhecer, por meio de sua instância máxima, a relevância da música missioneira na formação da identidade regional. "Esse reconhecimento inspira novas gerações e reafirma o papel da universidade como ponte entre o conhecimento acadêmico e os saberes do povo", conclui Morales.
Pedro Ortaça segue ativo na cena cultural. Suas canções podem ser encontradas em plataformas como o YouTube, onde se destacam obras como Grito da Terra, Bailanta do Tibúrcio e Desde os tempos de Sepé.
Com informações da SEDUFSM
