O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) abriu, em maio deste ano, um edital de concorrência para reforma da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Maranhão e Tocantins, que desabou neste domingo (22), com quatro mortes confirmadas até esta terça-feira (24).
O documento já apontava que “as condições atuais da OAE [Obra de Arte Especial; neste caso, a ponte] merecem atenção, pois verificam-se vibrações excessivas e desgaste visual de suas estruturas e do seu pavimento”.
Antes disso, um documento datado de 2020 já apontava que a estrutura contava com uma série de problemas, entre elas fissuras, rachaduras e inclinações nos pilares. Também apresentava recomendações para “recuperação, reforço e reabilitação” da ponte.
A estrutura foi construída na década de 1960, tem 533 metros de extensão e liga as cidades de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), pela BR-226. Ela integra o corredor rodoviário Belém-Brasília. Equipes do Corpo de Bombeiros retomaram na manhã desta terça-feira (24) as buscas pelos 13 desaparecidos após a queda da ponte. Pelo menos oito veículos passavam pela ponte no momento do desastre.
O edital de concorrência, de maio deste ano, diz ainda, que “tais manifestações patológicas e deficiências funcionais podem ser consideradas típicas para estruturas que datam daquela época de construção, tendo em vista a sua utilização e intervenções ao longo dos anos em serviço, apresentando, conforme pode ser observado nas inspeções realizadas, que indicam a necessidade de reabilitação”.
“Dessa maneira, a reabilitação desta OAE se faz necessária para que sua integridade e segurança passem a ser compatíveis com as normas atuais”, acrescenta o Dnit, no termo de licitação.
“A contratação que por hora é proposta tem como objetivo dar melhores condições de segurança e trafegabilidade na rodovia BR-226/230, que interliga os estados do Maranhão e Tocantins, e reabilitar e aumentar a sobrevida desse importante e histórico patrimônio público da infraestrutura rodoviária federal”, diz o termo de licitação.
Informa, também, que a empresa contratada “deverá realizar intervenções na infraestrutura, mesoestrutura e superestrutura da Ponte JK”.
A licitação, entretanto, acabou não contratando nenhuma empresa para a realização da obra. Segundo comunicado em novembro, “houve interessados no processo licitatório em epígrafe, mas que não preencheram os requisitos necessários, sendo portanto inabilitados ou desclassificados”.
Antes do início da licitação, em maio deste ano, o Dnit já havia feito estudos sobre a ponte e encontrado uma série de problemas, relatados por meio do anteprojeto de recuperação, reforço e reabilitação da ponte, datado de 2020.
A suspeita é que a água do Rio Tocantins esteja contaminada – mais de 70 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de agrotóxicos caíram no rio. Amostras da água foram recolhidas por órgãos ambientais federais para saber se há risco para a população.