Quadrilha acessa contas do INSS para solicitar empréstimos consignados sem conhecimento do aposentado ou pensionista
Um esquema criminoso consegue desbloquear benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para a retirada de empréstimos consignados e alterar senhas que permitem acesso a serviços federais.
Por medida de segurança, sempre que uma aposentadoria é aprovada a restrição é aplicada no contracheque. O desbloqueio pode ser solicitado pela internet ou em uma agência, mas pode levar semanas ou meses até ser concretizado.
Uma corretora de empréstimos, que prefere não ser identificada, revelou que a espera pode cair para minutos se o cidadão recorrer ao esquema. Conforme a mulher, a quadrilha cobra de R$ 70 a R$ 100 para desbloquear os benefícios.
"O cliente, quando ele vem pedir um empréstimo, ele tem urgência, ele tem pressa. Se eu pagar o valor que está sendo cobrado, em 15 minutos eu vou ter o benefício desbloqueado para empréstimo", explica.
O contato dos fraudadores é compartilhado entre os próprios corretores. As negociações são feitas por telefone.
"Simplesmente eu tenho que passar o número do CPF e o número do benefício pra qual eu quero o desbloqueio. Depois de eu encomendar o serviço, de eu pagar pelo serviço, eu vou mostrar que o benefício encontra-se desbloqueado", diz a corretora.
A mesma quadrilha também estaria vendendo acesso a contas de aposentados para golpistas contratarem empréstimos consignados e ficarem com o dinheiro, sem que os aposentados saibam. A corretora fez o teste na frente da reportagem da RBS TV. Ela repassou o próprio CPF aos fraudadores e recebeu uma nova senha do sistema GOV.BR, usado para acessar a conta do INSS.
"Eu resetei minha própria senha, mas eu poderia ser um golpista que, tendo o CPF de uma pessoa, eu poderia pedir o reset da senha dessa pessoa, entrar na carteira de motorista, entrar no meu INSS, entrar em serviços estaduais que também usam o GOV.BR, né?", afirma a mulher.
A corretora procurou a Polícia Federal (PF) para denunciar a fraude e prestou depoimento.
Fonte: G1